Ensino de história, memória e fabulação // [History teaching, memory and creativity]

Abstract
O presente artigo trata das relações entre o ensino de história e a memória. Partindo de um conjunto de considerações teóricas realizadas por Henri Bergson, o objetivo é interrogar a esfera da memória em sua dimensão filosófica, procurando compreender de que modo ela se articula às finalidades pretendidas pelo ensino de história. A memória é entendida não somente como faculdade de recognição atual articulada aos mecanismos sensório-motores disponíveis, mas também como a própria condição ontológica, ou seja, como a priori a partir do qual se dá todo o movimento de atualização das lembranças e das formas. Desse modo, o artigo apresenta-se como resultado de um esforço de reflexão teórica que pretende tensionar o conceito de memória trabalhado por Henri Bergson no intuito de pensar o ensino de história na perspectiva da Diferença, isto é, como uma prática específica construída no espaço intermediário entre a escrita da história e a própria experiência do pensamento. Se a história é a disciplina que estabelece os contornos e enlaces entre tempo e espaço, o pensamento é o que estremece as linhas estabelecidas transgredindo as próprias fronteiras e direcionando-se para fora.